A lógica do humano e sua retumbante ignorância.

Diversas foram as tentativas filosóficas de explicar a realidade e o ser humano a partir de teorias racionalistas, tentando enquadrá-los em fórmulas matemáticas e axiomas científicos.

Para mostrar os limites dessa tarefa tão insensata, o grande G. K. Chesterton, na obra Ortodoxia, conta uma história que, mesmo sendo ficcional, serve para evidenciar as limitações do racionalismo.

Ele começa propondo o seguinte exercício de imaginação:

“Suponham que algum matemático, habitante da lua, buscasse entender o corpo humano; imediatamente veria que o essencial está em seu aspecto duplicado. Um homem é dois homens, o da direita sendo exatamente simétrico ao da esquerda. Depois de notar que há um braço na direita e outro na esquerda, uma perna na direita e outra na esquerda, ele poderia continuar e ainda assim encontrar em cada lado o mesmo número de dedos dos pés e das mãos, olhos, orelhas, narinas e até mesmo lóbulos cerebrais gêmeos.”

— G. K. Chesterton, “Ortodoxia”, 2019, ed. Ecclesiae, p. 109.


Então, justamente quando pensava ter descoberto a “lógica” do ser humano, o matemático constata sua retumbante ignorância sobre a humanidade:

“Finalmente ele aceitaria isso como uma lei; e, então, deduziria, depois de encontrar um coração em um lado, que encontraria um coração no outro lado. E no momento triunfante em que se considerasse dono da verdade é que mais erraria.”

— G. K. Chesterton, “Ortodoxia”, 2019, ed. Ecclesiae, p. 109.


Com essa simples história, Chesterton mostra que, na estrutura do real, existem, sim, elementos que seguem uma “razão fria”, mas também há aqueles que são simplesmente… deliberação divina.

Assim, erram feio tanto os que tentam transformar as deliberações divinas numa “lei matemática” quanto os que tentam negar a sua existência, caindo num irracionalismo total.

Fonte: Padre Paulo Ricardo.

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